Aquíferos

Um aquífero é uma formação ou grupo de formações geológicas que pode armazenar água subterrânea. São rochas porosas e permeáveis, capazes de reter água e de cedê-la. Esses reservatórios móveis aos poucos abastecem rios e poços artesianos. Podem ser utilizadas pelo homem como fonte de água para consumo. Existem vários tipos de aquiferos: Porosos, Facturados e Fissurados e Cársicos (Referência, 18 Outubro 2011).

No caso deste projecto os aquíferos são Cársicos. Este tipo de aquíferos ocorrem em rochas solúveis, geralmente zonas calcárias e dolomíticas, onde acções mecânicas e químicas originam cavidades de dissolução (dissolução do carbonato da rocha pela água) que podem atingir grandes dimensões. Quando há conexão hidráulica entre as diversas cavidades de dissolução, podem constituir-se verdadeiros cursos de água subterrânea, que permitem a circulação rápida da água. Os aquíferos cársicos são extremamente vulneráveis à contaminação, podendo proporcionar caudais avultados, de forma irregular, no espaço e no tempo. (Referência, 18 Outubro 2011).

Na região do Algarve existem 17 sistemas aquíferos.

Figura 1 – Limites dos aquíferos da região do Algarve


Nas duas zonas de estudo consideradas os sistemas que lhes estão associados são: o sistema aquífero Peral-Moncarapacho (Zona do Cerro da Cabeça) e o sistema aquífero Querença-Silves (Zona da Varjota).


Sistema aquífero de Peral-Moncarapacho

O sistema aquífero de Peral-Moncarapacho é limitado a Sul pelos Sistemas Aquíferos de São João da Venda-Quelfes e da Luz-Tavira. A norte, o limite faz-se com as formações impermeáveis do Hetangiano, enquanto que a Este e Oeste contacta com os Calcários argilosos e margas de Peral, também com carácter pouco permeável. É formado por litologias essencialmente calcárias, incluindo calcários dolomíticos e dolomitos. A sua área é de 44 km.

Trata-se de um aquífero cársico, livre a confinado. O sistema apresenta-se muito heterogéneo e fragmentado devido à tectónica que afectou as formações aquíferas.

As áreas mais importantes de recarga localizam-se a N, entre Penedos Altos e Arrifes, a S de Peral entre o cabeço de cota 258 e Cabeço do Moinho e a SE (Cerro da Cabeça e Cerro Longo). As áreas referidas são caracterizadas pela presença de campos de lapiás, alguns muito desenvolvidos e espectaculares, acompanhados, nalguns casos de dolinas e algares (Almeida, C., Mendonça, J. J. L., Jesus M.R., Gomes A. J. p.564. Referência, 18 Outubro 2011).

Figura 2 – Limite do aquífero Peral - Moncarapacho


Sistema Aquífero de Querença- Silves

O sistema aquífero ocupa uma área de 318 km , estendendo-se segundo uma faixa de direcção E-W, entre Estômbar e Querença, sendo limitado a Norte pelos “Grés de Silves” e a Sul pelos calcários margosos e margas do Caloviano-Oxfordiano-Kimeridgiano, ambos com comportamento menos permeável (Andrade, 1989). No entanto, devido à complexidade dos padrões de afloramento, algumas áreas não apresentam qualquer interesse hidrogeológico, enquanto outras têm um funcionamento hidráulico independente.

As formações aquíferas carbonatadas do Jurássico constituem um sistema aquífero cársico, livre a confinado. Devido à estrutura tectónica destas formações, o sistema aquífero é dividido em subunidades com comportamento hidráulico próprio. É o que acontece nos sectores que alimentam a Fonte Grande (Alte), a Fonte do Salir e a Fonte Benémola, que representam algumas das nascentes mais importantes do Algarve Central. No entanto, dado que estas três fontes alimentam a ribeira da Quarteira, ela própria influente em alguns troços do sistema central, as subunidades não são totalmente independentes. Existe também outra subunidade em calcários do Jurássico superior, que é drenada pela Fonte de Paderne, e pela qual não se conhece com rigor as conexões hidráulicas com o sistema principal.

Dentre os aspectos geomorfológicos, com incidência na capacidade de infiltração, destacam-se as depressões cársicas de grande tamanho (poljes, por ex. a Nave do Barão), lapiás e dolinas. Porém, o fundo de algumas dessas depressões, assim como outras superfícies, encontram-se cobertos por sedimentos (aluviões, terraços e/ou terra rossa ) com permeabilidade vertical por vezes baixa ou nula (Nave do Barão, Fonte Louzeiro, depressão a N de Purgatório, etc.).

A ribeira de Quarteira, no seu curso superior, apresenta troços influentes e efluentes e no seu curso inferior é influente, conhecendo-se sumidouros na região de Lentiscais e Cabanita. No entanto, alguns destes sumidouros só funcionam, episodicamente, quando a ribeira sai do seu leito (Almeida, C., Mendonça, J. J. L., Jesus M.R., Gomes A. J. p.480. Referência, 18 Outubro 2011).

Figura 3 – Limite do aquífero Querença - Silves